Às 7:00h em ponto, entre duas avenidas movimentadas, ficava
localizada o grande edifício Metropolitan, no qual atuava a empresa FirstChoice.
Funcionários mal acostumados que não se davam o trabalho de acordar cedo, estavam
todos ali, em pé, congelados com a tensão, em vez de com o ar condicionado.
- Onde está o Alex?- Indagou a moça baixinha que sempre
usava salto alto.
- Não o vi em lugar algum.- Respondeu uma senhora de nariz
pontudo que nunca soltava o coque.
Correndo e atropelando
algumas pessoas no caminho, um jovem de lindos olhos azuis passou pela velha
banca de jornal.
- Aonde vai tão apressado, Alex?- Perguntou o dono da banca;
era muito pançudo e tinha um bigode tão grande que parecia um rato.
- Hoje não posso me atrasar.
- Xiii! Os chefões estão aí?
- Não, não... É uma causa mais nobre.
Quando as portas do
elevador se abriram no décimo segundo andar, o recém empregado, Alex, estava
ofegante mas, como sempre, com um sorriso no rosto.
- Que clima horrível!
Vocês estão mais pra baixo do que a companhia de palhaços que fica no andar de
baixo.- Brincou.
- Não tem graça, Alex. Todos nós vamos ser demitidos! Agora
a pouco a Cida viu um descarregamento de caixas grandes nos portões do fundo.
Já, já subirão com nossos inimigos.
- Talvez haja dentro daquelas caixas mais perucas coloridas
e purpurina. Quem garante que serão para nosso andar?
- Ah, parceiro, não adianta tentar descontrair nossos
colegas com essa história de que é mercadoria para os palhaços. Todos nós
sabemos que é o nosso fim.- Pascoal colocou uma mão no ombro de Alex,
lamentando-se.
Desde que receberam a
notícia de que haveria alguns ajustes na empresa, o caos e o desespero tomou
conta daquelas dezenas de auxiliares de produção. Alguns foram buscar emprego
em outros lugares logo que receberam a notícia; outros se tornaram puxa sacos
de carteirinha do chefe, bajulando como se não houvesse amanhã; ainda outros
aguardavam seu fim com nada além de uma mísera esperança; o restante estava
fazendo de tudo para chamar atenção do chefe para manter seu emprego. Porém,
todos eles tinham algo em comum: Não
sabiam pelo quê seriam substituídos. Alguns chutavam que seriam trocados por
máquinas de última geração, computadores com tecnologia jamais vista antes;
outros diziam que a empresa já falira há algum tempo e só tiveram coragem de
revelar agora; o único que pensava diferente era o pobre Alex, tão novinho e
sem experiência- o que o colocava de pé todas as manhãs era o simples prazer de
trabalhar com o que gostava.
- Vocês verão que ficará tudo bem. Notícias boas vêm por
aí!- Repetia Alex, na vã tentativa de acalmar seus colegas.
Novamente se abriram
as portas do elevador, todos prenderam a respiração acreditando serem as caixas
misteriosas que viram mais cedo. Lá estava o senhor Laércio, dono da empresa,
sempre sério e bem vestido. Ele adentra a sala e, após dois longos suspiros,
relata que criaram uma sociedade com a companhia de palhaços, dando assim
estágio a todos para se tornarem os mesmos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe sua opinião e fique a vontade para dar sugestões sobre o que postar. Volte sempre!