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quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Diferentes camas

21 de abril de 2013.
 Não quero sair da cama. Aqui parece o melhor lugar do mundo agora. Os pobres raios que refletem da janela e tomam o quarto é tudo o que consigo ver. Nada passa pela minha mente, nenhum pensamento e isso é bom. Depois de uma semana difícil, cheia de tribulações, estar com a mente vazia é a melhor coisa que há.
 Não estou pronta pra me levantar, mais uma vez, e aguentar mais um dia cheio. Meu corpo está pesado, cada movimento é um sacrifício. Ouso olhar para o relógio que está sobre meus pés. "Já é meio dia", penso, "Passei uma eternidade aqui e passaria novamente".
 Tem um mundo lá fora. Vidas, pessoas, sentimentos e emoções lá fora. Não ouso abrir a porta. Esses sentimentos irão me derrubar. Não me movo. A porta permanecerá trancada.

15 de agosto de 2013.
 O mundo inteiro desaba lá fora. Tanta coisa mudou em tão poucos meses. Tudo o que eu mais quero agora é ficar deitada ouvindo Legião Urbana. Calaria a boca da multidão... Mas não há multidão. Não há mais ninguém.
 Vidas, pessoas e sentimentos lá fora? Talvez não haja nada. Assim como aqui não há nada além de uma cama. Não me importo mais com a multidão.
 O quão ridícula eu posso ser? Estou me surpreendendo ultimamente. Leio coisas e interpreto outras.
 Eles nunca lerão isso, acredite. E por mais que eu os ame, nunca compreenderão o motivo de eu me importar tanto.
 Está tudo bem. Esses sentimentos não irão me derrubar como no outro texto, escrito em abril. Esses sentimentos não me afetarão, porque não há sentimentos.

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