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sábado, 28 de fevereiro de 2015

Minhas aquarelas


Rosto desintegrando:

Vergonha de ficar postando meu lixo:


Está medonho, eu sei, mas não finalizei.


Eis um desenho que um nunca consigo acabar:


Técnica nova, com água:


Minha mão depois de trabalhar:


Desenho da cena do filme "Cartas Para Julieta":

Memórias


 Já assistiram ao filme "Como Se Fosse A Primeira Vez"? Este é o meu filme favorito e perdi as contas de quantas vezes o assisti.
 Em janeiro de 2015, fiz estágio no Laboratório de Neurofisiologia e Neuroetologia Experimental (LNNE) do Curso de Verão Fisiologia FMRP/USP. Nós estudamos a interação entre epilepsia e depressão e quais áreas do cérebro são afetadas.
 Em meio a tantas experiências, como cortar e preservar cérebros de ratos para coleta de dados, eu descobri que a história do filme “Como Se Fosse A Primeira Vez” tem um fundo de verdade.
 Em uma aula, o pós-graduando Victor Rodrigues Santos, meu colega de laboratório, deu uma aula sobre epilepsia e contou uma história real de um homem chamado Henry Molaison. A vida deste rapaz é a prova do que o que aconteceu com Lucy no filme. Fiquei completamente absorta na aula.

 Quando Henry Molaison (hoje amplamente conhecido como HM) rachou o crânio em um acidente, ele começou a desmaiar e ter convulsões. Em uma tentativa de curá-lo, cirurgião temerário Dr. William Skoville removido hipocampo do HM. Felizmente, isso fez cessar as crises convulsivas - mas também sua memória de longo prazo! Sam Kean, através deste caso médico surpreendente, detalhando tudo HM nos ensinou sobre o cérebro e a memória.
 Em 1 de setembro de 1953, William Scoville usou uma maquina com uma serrinha barata para cortar o crânio de um jovem e remover partes vitais do seu cérebro, sugando-as por um tubo de metal. Não era uma cena de um filme de terror ou de uma repugnante noticia policial. Dr. Scoville foi um dos mais renomados neurocirurgiões de seu tempo, e o jovem Henry Molaison, o famoso paciente conhecido como “H.M.”, cujo caso trouxe percepções surpreendentes quanto ao funcionamento do cebrebro.
 Quando garoto, Henry havia fraturado o crânio em um acidente e logo começou a ter ataques, desmaios e perda de controle de funções corporais. Depois de anos de episódios frequentes e de abandonar o colégio, o jovem desesperado procurou o Dr. Scoville, um médico destemido notabilizado pelas cirurgias arriscadas.
 A lobotomia parcial foi usada por décadas pra tratar pacientes com problemas mentais crendo que as funções mentais tinham uma localização exata em determinadas áreas do cérebro. Tendo tido sucesso com esse procedimento em reduzir ataques psicóticos, Scoville decidiu remover o hipocampo de H.M., uma parte do sistema límbico que era associada à emoção, mas cuja função era desconhecida.
 A operação parecia ter sido bem sucedida. Os ataques de H.M. praticamente desapareceram sem nenhuma mudança de personalidade e houve ate o aumento dO seu QI. Mas havia um problema: sua memoria estava comprometida. Além de perder a maior parte de suas lembranças da década anterior, H.M. era incapaz de formar novas, esquecendo em que dia estava, repetindo comentários, e até fazendo varias refeições seguidas.
 Quando Scoville informou os resultados a outro especialista, Wilder Penfield, este enviou uma estudante de pós-graduação, Brenda Milner, para pesquisar H.M. na casa de seus pais, onde ele passava seus dias dedicado a tarefas estranhas, e assistindo filmes clássicos, muitas vezes seguidas, como se fosse a primeira vez. O que ela descobriu por meio de uma série de testes e entrevistas, trouxe uma grande contribuição não só para estudar a memoria; mais do que isso: redefiniu o que é memória.
 Uma das descobertas de Milner pôs em evidencia o fato óbvio de que embora H.M. não pudesse formar novas memorias, ele ainda retinha informações suficientemente longas, de momento a momento, para concluir uma sentença ou achar o banheiro. Quando Milner lhe dava um número ao acaso, ele conseguia lembrá-lo por 15 minutos, repetindo-o constantemente para si mesmo. Mas apenas alguns minutos depois, ele esquecia o teste que tinha sido feito. Os neurocientistas acreditavam que a memória fosse monolítica, quer fosse uma coisa igual e armazenada por todo o cérebro. Os resultados obtidos por Milner foram o primeiro indicio da diferença entre as memorias de curto a longo prazo; mostraram também que cada uma delas usa regiões diferentes do cérebro.
 Hoje sabemos que a formação de memória envolve várias etapas. Após os dados sensoriais imediatos terem sido temporariamente transcritos pelos neurônios no córtice, eles vão para o hipocampo, onde proteínas especiais fortalecem as conexões sinápticas corticais. Se a experiência tiver sio muito intensa, ou se nós a recordamos periodicamente nos primeiros dias, o hipocampo, então, a transferirá de volta ao córtice para guardá-la permanentemente. A mente de H.M. podia criar as impressões iniciais, mas sem um hipocampo para realizar a consolidação de memória, elas eram apagadas, como mensagens rabiscadas na areia.
 Mas essa não foi a única diferença que Milner descobriu. Num experimento que ficou famoso, ela pediu a H.M. pra desenhar uma terceira estrela no estreito espaço entre os contornos de duas outras concêntricas e só poderia ver seu papel e lápis através de um espelho. Como qualquer um, ele realizou essa tarefa de forma desajeitada pela primeira vez. Seu desempenho foi horrível. Surpreendentemente ele melhorou ao longo de tentativas repetidas, embora não se lembrasse das tentativas anteriores. Seus centros motores inconscientes lembravam do que a mente consciente havia esquecido. O que Milner descobriu é que a memória explícita de nomes, datas e fatos e diferente da memória procedimental, de andar de bicicleta ou assinar seu nome. Sabemos agora que a memória procedimental reside mais nos núcleos da base e cerebelo, estruturas que estavam intactas do cérebro de H.M. A distinção entre “saber que” e “saber como” fundamentou, desde então, todas as pesquisas sobre memória.
 H.M. morreu com 82 anos depois de uma vida tranquila em uma casa de repouso. Ao longo dos anos, ele foi examinado por mais 100 neurocientistas, o que fez de seu cérebro o mais estudado de toda a história. Depois de sua morte, seu cérebro foi preservado e escaneado, antes de ser cortado em mais de 2.000 fatias e fotografado para compor um mapa digital que desce ao nível de neurônios individuais, tudo em uma apresentação ao vivo, vista por mais de 400.000 pessoas.
 Apesar de H.M. ter passado sua vida esquecendo as coisas, ele e suas contribuições para o nosso entendimento da memória serão lembrados por gerações futuras.

Pode ser difícil reconhecer as causas e os efeitos da amnésia. Para uma pessoa, ela pode apagar alguns minutos de memória. Para outra, como Clive Wearing, uma vida inteira pode desaparecer. Dessa forma, além de definir a amnésia pela causa - lesão cerebral ou trauma psicológico - os médicos caracterizam a amnésia pelo tipo das memórias perdidas.
A amnésia retrógrada é a incapacidade de se lembrar do passado. A amnésia anterógrada é a perda da habilidade de criar novas memórias e absorver novas informações.
A amnésia anterógrada, a mais comum das duas, está associada à lesão no hipocampo. Com ela, não é possível transformar novas informações sensitivas em memórias de longo prazo. Por exemplo, a perda de consciência induzida pelo álcool é um tipo de amnésia anterógrada neurológica. O excesso de álcool impede que as vias neurais no cérebro formem novas memórias enquanto estão intoxicadas. As pessoas que sofrem de perda de consciência podem falar e interagir normalmente, mas na manhã seguinte não se lembrarão de nada.
A amnésia retrógrada ataca primeiro as memórias mais recentes. Quanto mais grave o caso, maior a extensão da perda de memória. Esse padrão de destruição das memórias mais novas antes das antigas é chamado de lei de Ribot. Isso acontece porque as vias neurais das memórias mais novas não são tão fortes quanto as mais antigas, fortalecidas por anos de recuperação. A amnésia retrógrada geralmente segue uma lesão nas áreas do cérebro além do hipocampo, pois as memórias de longo prazo são armazenadas nas sinapses de diferentes regiões cerebrais. Por exemplo, a lesão na área de Broca, que armazena as informações da linguagem, provavelmente causaria perda de memória relacionada à linguagem.
Com as amnésias retrógrada e anterógrada, é importante entender que a memória das pessoas que normalmente é perdida é a memória explícita, ou episódica. Os pacientes com amnésia mantêm sua personalidade e identidade, além de sua memória implícita, ou processual. Isso porque sua coordenação motora e suas memórias físicas instintivas - como andar de bicicleta - são armazenadas separadamente de suas memórias episódicas. O hipocampo processa inicialmente os dois tipos, mas as memórias episódicas seguem para o córtex, enquanto as memórias processuais vão para o cerebelo. É por esse motivo que Clive Wearing ainda consegue tocar piano (memória implícita), mas provavelmente não pode descrever que peça de música tocou (memória explícita).
Cristen Conger

Há duas maneiras pelas quais o cérebro adquire e armazena informações: a memória de procedimento e a memória declarativa. Essas duas formas divergem tanto no que diz respeito aos mecanismos cerebrais envolvidos, como nas estruturas anatômicas.
A memória de procedimento (também chamada implícita) armazena dados relacionados à aquisição de habilidades mediante a repetição de uma atividade que segue sempre o mesmo padrão. Nela se incluem todas as habilidades motoras, sensitivas e intelectuais, bem como toda forma de condicionamento. A capacidade assim adquirida não depende da consciência. Somos capazes de executar tarefas, por vezes complexas, com nosso pensamento voltado para algo completamente diferente.
Drauzio Varella


 Sempre que passava o filme “Como Se Fosse A Primeira Vez” na televisão, eu assistia. Até que um dia eu o comprei para saciar o meu vício. O interessante é que eu nunca me enjoei dele. A história é extremamente romântica e dramática. Quem não gostaria de ter alguém disposto a te conquistar todos os dias? A te fazer se apaixonar todos os dias? Só de pensar, faz meu coração palpitar.
 Fiquei fascinada pela história de Henry Molaison. Imagine como seria se todas as suas memórias fossem apagadas toda noite enquanto você dorme? Eu me sentiria devastada, presa em um labirinto sem saída. Eu nunca mais poderia ler um livro, aprender novas histórias, adquirir novos conhecimentos, pois eles se desintegrariam. Jamais poderia fazer faculdade, assistir a novos filmes, pois não me lembraria de nada. E pior de tudo, deletaria todos os momentos doces que poderia passar com minha família e pessoas que amo. Essa ideia é sufocante demais.
 Sinto um arrepio na espinha só de pensar que um filme que foi tão marcante pra mim desde a infância, passou a ter um significado ainda mais especial. Quão grande foi a coincidência que me apresentou o relato de vida que foi a essência desse filme.


Palloma Beatriz Fialho Damas

sábado, 21 de fevereiro de 2015

A Arte da Organização

Ursus Wehrli (O nome dele é "urso" mesmo, produção?) é um artista e comediante da Suíça, conhecido por seus livros Tidying Up Art onde ele limpa famosas obras de arte e organiza compulsivamente as coisas da moda . Seu mais recente livro é chamado de The Art of Clean Up.














segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Obras de arte que desafiarão sua inteligência e ativarão sua criatividade

“Nossas alucinações são alegorias de nossa realidade.”- Carlos Drummond de Andrade.

Rob Gonsalves é um artista canadense, mestre da arte fantástica. Em suas obras, cria ilusões que interagem entre o mundo real e o imaginário fazendo com que o espectador reflita sobre o que está vendo e tente desvendar mistérios implícitos.
Suas ilusões fazem ligações entre mundos distintos, unem o real e o fantástico. Rob Gonsalves não nos responde qual é de fato a realidade, isto é função de quem se dispõe a explorar as suas telas.
A mensagem principal de suas obras é que não podemos e nem devemos acreditar no que enxergamos logo no primeiro momento. Analisar e se deixar surpreender. É o tipo de pintura onde você consegue captar realidades paralelas distintas em um mesmo quadro.
Assim é o mundo da arte: sem fronteiras, sem barreiras, onde tudo é possível e tudo está em constante transformação.
Rob Gonsalves ainda produz diversas telas, está estabelecido no mercado internacional, e pode ser comparado também a Rene Magritte e suas viagens fantásticas!









Nesta obra não há linha do horizonte. As nuvens se tornam montes de neve, e as estrelas são, na verdade, patinadores segurando lampiões.

Os pinheiros são torres.

Eclipse.

Esta é a obra mais impressionante, na minha opinião.
Se formos observar, não há profundidade. O plano em que a mulher está de pé é o mesmo em que estão os degraus. Mas, então, porque há uma escadinha no centro do desenho? Ela vai pra onde se tudo está no mesmo nível?
As escadas ao fundo são livros empilhados. E as portas são livros abertos encaminhando para um novo conhecimento.

Mergulhando no céu.

Os montes de folhas secas se tornam a copa das árvores. Notem o jogo de profundidade.

Nuvens e estrelas formam a "Terra".



O céu que a menina estava observando se torna o planeta Terra; os pinheiros se unem tanto que se transformam no universo; o reflexo de uma pedra de transforma na lua. Ela está, na verdade, flutuando no vasto universo.